Decodificando a linguagem das flores

Há tempos, as flores simbolizam amor e romance, mas você sabia que elas têm uma linguagem própria? Descubra quais flores são perfeitas para o Dia dos Namorados — e quais é melhor evitar.
A linguagem das flores

Em culturas do mundo inteiro, as flores carregam um significado simbólico. Com características delicadas e cores reluzentes, há milênios, as flores inspiram as pessoas a pensar sobre as mensagens ocultas que elas podem transmitir. Essa tradição persiste até hoje: Flores são um dos símbolos mais óbvios do amor romântico. Por exemplo, a clássica rosa vermelha ou uma perfumada peônia cor-de-rosa. Sem elas, o Dia dos Namorados não está completo.

Embora a simbologia das flores exista há séculos, as associações entre flores e significados mais recentes podem ser traçadas de volta à Era Vitoriana e sua obsessão pela floriografia, “a linguagem das flores”. A classe alta e a burguesia vitoriana, obcecadas pela estética e com tempo demais livre, desenvolveram um intricado sistema com os significados secretos das flores. Os arranjos florais não precisavam ser mais só belos, mas sim um meio de comunicar uma mensagem discretamente. Aqui nós investigamos os significados históricos de algumas flores, além de outras conotações culturais que elas possam ter.

A linguagem das flores – aprenda essa linguagem antes de dar seu próximo buquê

Cravo vermelho (red carnation)

Hoje, o cravo é um símbolo clássico do amor romântico. Graças às suas pétalas vibrantes, o cravo está sempre presente em arranjos florais para o Dia dos Namorados, logo após a clássica rosa vermelha. Essa associação remonta ao Renascimento. Na época, mulheres jovens da elite eram pintadas segurando cravos para simbolizar um noivado recente. Mas você sabia que em muitos países o cravo tem um sentido político bastante forte?

A flor foi usada com frequência por movimentos socialistas e trabalhistas porque sua tonalidade vívida combinava com o vermelho socialista/comunista. O cravo substituiu a foice e o martelo como símbolo do Partido Socialista Italiano antes de sua dissolução final. Todos os anos, em 15 de janeiro, centenas de cravos são colocados no túmulo da notável filósofa e militante comunista Rosa Luxemburgo, em Berlim, em sua homenagem. A flor também está ligada à Revolução dos Cravos em Portugal, quando em 1974 um golpe militar derrubou o regime ditatorial com apoio popular. Após os militares darem um final rápido e relativamente pacífico à ditadura, os soldados nas ruas enfiaram cravos nos canos das armas, criando uma imagem icônica e memorável.

Crisântemo (chrysanthemum)

O substantivo “crisântemo” significa literalmente “flor de ouro” em grego antigo, em referência às pétalas amarelas da flor original. Essa flor popular, adorada por floristas e jardineiros, existe hoje em diferentes cores. Porém, o crisântemo ainda mantém uma associação com a felicidade, que é relacionada à cor amarela.

Essas flores são muito apreciadas no Leste Asiático, onde suas variedades são cultivadas. São particularmente importantes no Japão: lá, o crisântemo é o símbolo do imperador e da família imperial. Crisântemos decoram o selo imperial do Japão e também estão presentes nos passaportes japoneses dos membros da família imperial.

Margarida (daisy)

Hoje, a margarida costuma ser associada a uma inocência infantil. Frequentemente a flor é incluída em publicidades com bebês e crianças. Esse significado remonta à interpretação vitoriana da flor, que permaneceu inalterada por séculos. Na linguagem clássica da flores, elas geralmente são colocadas em arranjos florais com prímulas, que também simbolizam infância. Contudo, os pagãos europeus antigos tinham uma visão muito diferente dessas delicadas flores. Eles a viam como sóis em miniatura, com o centro amarelo representando a estrela ardente e as pétalas brancas, os raios de sol.

Lírio branco (white lily)

Como a margarida, as pétalas brancas do lírio acenam para ideias de inocência e pureza, mas por uma razão diferente. No catolicismo romano, a flor é associada com a virtuosa Virgem Maria. Um dos tipos mais populares de lírio branco, Madonna Lily, foi nomeado em homenagem à Virgem Maria. O lírio também é um forte símbolo de soberania e nobreza em muitos países europeus por causa da conexão com o icônico símbolo fleur-de-lis. Isso data do século XIII, quando a flor-de-lis foi incorporada pela poderosa monarquia francesa, que usou o símbolo em escudos e demais emblemas políticos.

Orquídea (orchid)

Com sua forma singular e exótica, a orquídea invoca associações com sensualidade e sexualidade na cultura contemporânea. Por isso, não é surpresa alguma que a palavra “orquídea” venha da palavra orchis do grego antigo, que significa “testículo”. Essa associação provavelmente vem da forma das raízes bulbosas da flor, que os gregos antigos acreditavam simbolizar virilidade. O simbolismo era tão forte que os homens dessa sociedade comiam orquídeas com raízes grandes para aumentar suas chances de ter um filho homem.

Interessantemente, a planta da baunilha também faz parte da família Orchidaceae. A baunilha não é famosa apenas pelo seu gosto doce, como também seu aroma é considerado um afrodisíaco natural. Ou seja, a árvore da família das orquídeas é realmente repleta de sensualidade.

Rosa amarela (yellow rose)

Ah… A humilde rosa amarela! Por que a linguagem das flores forçou que ela fosse comparada com a rosa vermelha? Atualmente, a rosa amarela representa amizade, mas ela também é usada para desejar o bem a alguém. Na mídia atual, ela é mostrada como uma flor que se dá a quem está hospitalizado, sendo menos romântica do que uma rosa vermelha. Porém, na Era Vitoriana, a conotação dessa flor era totalmente diferente. A rosa amarela era então sinônimo de ciúmes e infidelidade — mais uma razão para não escolher essa flor para o Dia dos Namorados.

Miosótis/Não-me-esqueças (forget-me-not)

O nome comum dessa flor, Vergissmeinnicht, foi cunhado originalmente na Alemanha e vem de um conto popular. Na história, um jovem casal estava andando ao longo do Rio Danúbio quando o rapaz foi colher essas flores azuis para a amada. Tragicamente, ele caiu no rio e foi levado pela correnteza. Ele se despediu aos gritos de “Não me esqueças!”, o que levou sua amada a nomear a flor em memória dele. Foi assim que o miosótis passou a simbolizar memória e amor eterno por séculos.

Tulipa (tulip)

Essas flores singelas têm uma história bastante dramática e simbologia em vários países. A maioria das tulipas é nativa do Oriente Médio, onde elas são admiradas por sua beleza única. De fato, o período de prosperidade e paz do Império Otomano foi chamado de “Era da Tulipa” devido à associação positiva com a flor (particularmente: nobreza e riqueza).

Os holandeses, porém, têm uma visão bem diferente da tulipa, inspirada por sua própria história com a flor. A tulipa foi introduzida na Holanda pela primeira vez em 1593, sendo um sucesso imediato com o público. Nos 1630, as flores eram tão apreciadas pela sociedade holandesa que elas desencadearam uma bolha econômica especulativa (similar à bolha da internet nos anos 1990). Naquele tempo, um único bulbo de tulipa poderia valer dez vezes mais do que o salário anual de um artesão. Mas os valores acabaram caindo, causando uma perda econômica enorme para os negócios. Esse legado fez que a tulipa passasse a representar a brevidade da vida para os holandeses. A flor é celebrada todos os anos em abril no famoso Festival de Tulipas em Amsterdã.

Uma visão geral dos significados das flores

Estejam as flores representando traços de virtude ou passando mensagens secretas sobre casos escandalosos, elas claramente têm uma linguagem própria. Talvez um buquê de tulipas seja o presente perfeito para a pessoa que desperta o melhor em você. Ou talvez uma orquídea exuberante seja a forma mais discreta de revelar seus planos para a noite. No final, as flores são apenas mais uma maneira de mostrar seus sentimentos e dizer “eu te amo”.

A linguagem das flores
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Claire Larkin

Claire Larkin nasceu e cresceu no Arizona, mas em 2017 fez as malas e se mudou para Berlim. Apesar de ter estudado Ciências Políticas e História, ela agora se dedica a editar e escrever artigos para a Revista da Babbel. Além da paixão por palavras, ela também adora assistir todo tipo de ficção científica, lê mapa astral para seus amigos e ainda tricota para se manter quente no inverno alemão.

Claire Larkin nasceu e cresceu no Arizona, mas em 2017 fez as malas e se mudou para Berlim. Apesar de ter estudado Ciências Políticas e História, ela agora se dedica a editar e escrever artigos para a Revista da Babbel. Além da paixão por palavras, ela também adora assistir todo tipo de ficção científica, lê mapa astral para seus amigos e ainda tricota para se manter quente no inverno alemão.