7 antigos “erros” em inglês que agora aceitamos como corretos

Se você é o tipo de pessoa que reclama do uso moderno da palavra “literally”, este artigo não é para você.
erros agora corretos

Quer queiramos ou não, a língua inglesa está em constante transformação. Embora nos tenha sido ensinado que certas formas de dizer as coisas são simplesmente imutáveis, esse não é o caso. Se você comparar o inglês de hoje com o de centenas de anos atrás — ou mesmo algumas décadas — você verá como o idioma mudou de várias maneiras. Enquanto algumas alterações ocorrem sutilmente, de modo que ninguém as note, outras são mais claramente perceptíveis e, muitas vezes, entram em confronto com normas tradicionais. Existem inúmeros “erros” em inglês que agora são considerados corretos (embora isso dependa de com quem você conversa).

Para mostrar a evolução da língua inglesa moderna, encontramos sete exemplos de antigos erros que foram aceitados e incorporados com o tempo. Alguns são realmente velhos, já outros são novos ou então geram grandes polêmicas. Com certeza há um ou outro que, por escrito, seja capaz de arregalar nossos olhos. Mas o importante a lembrar é que a linguagem é viva e bem mais flexível do que se acredita em geral. E, por fim, também vale a pena ponderar que, na internet, a discussão sobre gramática não compensa.

7 erros em inglês que não são mais erros de verdade

1. O “literally” não-literal

Não é de surpreender que as palavras mudem seu significado no decorrer da história. Ainda assim, há poucas transformações da língua inglesa que deixaram as pessoas mais irritadas do que usar o termo “literally” para se referir, na prática, a algo não-literal. As pessoas dizem “I’m literally dying right now” (“Estou literalmente morrendo agora”) para quase tudo hoje em dia. A dificuldade com essa mudança em particular está no fato de que o novo uso da palavra representa (literalmente, aliás) o oposto do uso original. 

No entanto, “literally” não está sozinha. A palavra “terrific” (que vem da mesma raiz de “terrify”) significava “assustador” e “awful” se referia a coisas boas (ou “full of awe”: “cheias de deslumbramento”). Outro exemplo popular é “nice”, que costumava significar “estúpido”. Ninguém pode prever como o sentido de uma palavra muda, mas parece que as pessoas já conseguem hoje compreender o uso não-literal de “literally”. Afinal, essa suposta aplicação falsa não chama mais a atenção de muita gente.

2. Misturas na pontuação

Na escrita formal, há uma regra bastante rígida de que o término de uma frase deve receber apenas um sinal de pontuação. No amplo mundo da escrita informal, no entanto, é bastante comum vermos repetidas exclamações, pontos de interrogação e até mesmo vírgulas. O ponto múltiplo de exclamação está se infiltrando até mesmo no âmbito profissional.

Pode-se afirmar que o início da discussão tenha surgido com um sinal específico chamado interrobang (‽). Trata-se de uma combinação do ponto de interrogação e do de exclamação, projetada para transmitir que uma pergunta tem uma quantidade extra de entusiasmo ou urgência. O problema é que o interrobang nunca foi adicionado aos teclados normais. Assim, a maneira mais fácil de usar a nova pontuação foi separá-la em suas partes (? e !). A partir daí, a prática se estabeleceu. Sobretudo com a internet, as pessoas começaram a combinar sinais de pontuação para acrescentar mais nuances à sua escrita (informal). Qualquer um que manda mensagens regularmente sabe que há uma diferença entre “Olá!” e “Olá!!”. Um professor de gramática pode não considerar isso adequado, mas vários sinais de pontuação se tornaram uma forma importante de transmitir emoção através do texto.

3. Infinitivos divididos

Em inglês, uma das normas gramaticais mais consolidadas é “não se divide um verbo no infinitivo” (ou seja, em sua versão não conjugada, como aparece em certas frases). Na sentença “I like to run” (“Eu gosto de correr”), por exemplo, “to run” é um verbo no infinitivo. Dividir o infinitivo significaria inserir uma palavra entre “to” e “run”. Assim, para tornar a frase negativa, se diz hoje “I like to not run”; para lhe dar um outro sentido, pode-se até mesmo adicionar um advérbio no meio: “I like to regularly run”. Claro que os mais tradicionais falariam que isso está errado, insistindo que o correto seria “I don’t like to run” e “I like to run regularly”.

Mas, embora essa regra tenha sido repetida tantas vezes, ela nunca foi realmente aplicada com rigor — tanto que a linguagem escrita está repleta de infinitivos divididos, e as pessoas os usam em discursos casuais o tempo todo. Um única pessoa responde pelo surgimento da diretriz: Henry Alford, o reitor de Canterbury. No século XIX, ele escreveu um texto sobre o uso da língua inglesa e expressou uma ligeira antipatia por dividir os infinitivos. Mais tarde, suas anotações viraram norma em vários guias de gramática e escrita. Hoje, contudo, os infinitivos divididos são tão comuns como os não divididos (se não mais comuns). 

4. O uso de y’all

Na história da gramática “correta”, termos regionais são muitas vezes descartados. Em particular a linguagem do sul dos Estados Unidos foi erroneamente desacreditada com frases como “Ain’t ain’t a word”. Mesmo diante de tamanho preconceito, a palavra “y’all” vem lentamente ganhando espaço (pelo menos nos EUA) como uma forma de se dirigir a grupos de pessoas.

A propagação de “y’all” acontece em boa parte graças a uma falta na língua inglesa: a inexistência de um pronome para a segunda pessoa do plural. A palavra “you” pode ser usada tanto para um indivíduo quanto para um grupo — e sim, isso pode facilmente gerar confusão. “Y’all” ainda oferece uma alternativa neutra em termos de gênero. E, para acrescentar um pouco de história aqui, vale ressaltar que a língua inglesa tinha no passado um plural para a segunda pessoa tanto no singular quanto no plural: “thou” e “you”, respectivamente. Com o tempo, porém, “you” se difundiu em ambos os casos, para o desgosto dos gramáticos do século XVII. Assim, usar “you” para se referir a uma única pessoa também conta tecnicamente como um erro gramatical que agora consideramos correto.

5. Fim de sentença com uma preposição

Entre as demais regras gramaticais clássicas temos “Não termine a frase com uma preposição”. Em vez de dizer “I need something to sit on” (“Eu preciso de algo para sentar”), deveríamos mover a preposição “on” dizendo então “I need something on which to sit.” Para algumas pessoas, esse rearranjo da sentença é necessário para que ela seja devidamente ordenada.

Na verdade, trata-se de uma de nossas mais fracas regras gramaticais: popularizada pelo poeta John Dryden quando ele zombou da gramática do escritor Ben Jonson no século XVII, ela foi listada em vários dicionários que foram publicados em seguida. Já no século XX (e certamente no século XXI), a maioria das pessoas concordava que não havia uma lógica real por trás de forçar a preposição para longe do final de uma sentença. No entanto, isso não impediu que certos engajados repetissem a norma.

6. A voz passiva

Outra tradição da gramática inglesa estabelece: “Não usar a voz passiva.” Isso significa que, na construção da frase, o sujeito aparece somente após o verbo. Por exemplo: “Mike hit the ball” (“Mike bateu na bola”) está em voz ativa, enquanto “The ball was hit by Mike” (“A bola foi batida por Mike”) está em voz passiva. Se você respeitar autoridades da linguística como William Strunk Jr. e E.B. White — autores de Elements of Style, sem dúvida o guia mais bem-sucedido para a escrita em inglês — a voz passiva deve ser evitada de forma quase total.

Se formos justos, há de fato certos momentos em que a voz passiva não funciona ou que nos quais ela pode obscurecer algo importante do contexto. Por exemplo, o modo passivo de dizer “John was shot” seria bem menos informativo se falássemos quem ativamente atirou em John. Assim, vale ponderar que a ideia generalizada de que a voz passiva torna a escrita mais fraca ou menos convincente é coisa do passado. Há incontáveis situações em que a voz passiva pode ser útil ou mesmo mais precisa para transmitir informações.

7. Falando “color” sem U

Para terminar a lista, vamos agora olhar para um exemplo que mostra outra maneira de como os idiomas mudam quando as pessoas querem que isso aconteça. No início do século XIX, um norte-americano chamado Noah Webster decidiu que queria dar aos Estados Unidos (um país relativamente novo) uma nova identidade. Para isso, ele pensou em transformar a linguagem que a nação usava. Webster propôs uma série de mudanças, algumas das quais nunca chegaram a acontecer. Muitas, entretanto, vingaram. A letra “u” foi removida de palavras como “armor” (armadura) e “color” (cor), a letra “s” virou “z” nos termos “authorize” (autorizar) e “romanticize” (romantizar), assim como as duas últimas letras de “theater” (teatro) e “center” (centro) foram invertidas.

Sim, a versão “correta” de todas essas palavras depende de onde você mora. Escrever “color” no Reino Unido mostra que você não é de lá, da mesma maneira que um estrangeiro se revela ao redigir “colour” nos Estados Unidos. No entanto, o fato de uma só pessoa ter conseguido que tanta gente concordasse com seus desejos em termos de mudanças ortográficas é um feito impressionante. A maioria das tentativas de forçar alterações em um idioma tende a falhar, como foi o caso do Benjamin Franklin’s Phonetic Alphabet. O exemplo de Noah Webster mostra, por outro lado, que erros de linguagem são muitas vezes apenas um estado de espírito. E que aquilo que foi um dia errado no inglês, pode ser apropriado no dia seguinte (se é que isso realmente existe).

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